segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pausa - Moacyr Scliar - Situação de Aprendizagem

Esta atividade envolve as séries do Ensino Fundamental, abordando o tema da pausa, consequentemente, da solidão, da busca de um tempo para si mesmo,
Primeiramente, vamos conhecer uma música que envolve o tema da solidão, da cantora Sandra de Sá.



Em seguida veremos um vídeo do filme que também aborda o tema da solidão. Trata-se do título Na natureza selvagem.


Após ouvir o comentário, que tal assistir o filme inteiro, observando a necessidade do jovem sobre a solidão?

Após esta atividade, vamos conhecer um texto que fala sobre o tema, intitulado PAUSA, do autor Moacyr Scliar.

Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 — Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011) foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura infanto juvenil. Também ficou conhecido por suas crônicas nos principais jornais do país.



Pausa - Moacyr Scliar 



Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,bocejando:


— Vais sair de novo, Samuel?



Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.



— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.



— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido,secamente



Ela olhou os sanduíches:



— Por que não vens almoçar?



— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.



A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:



— Volto de noite.



As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras.Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.



Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:



- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...



- Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.



- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.



Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:



- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.



Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.



Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido;com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.



Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.



Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente:ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.



Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.



- Já vai, seu Isidoro?



- Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou,conferiu o troco em silêncio.



- Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.



- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; anoite caía.



- O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem,rindo.



Samuel saiu.



Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante,ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois,seguiu. Para casa.




ATIVIDADES - RELEITURA

Após conhecer o texto responda as questões;

1- O que se entende por pausa?

2- No início da história o que o leitor pode imaginar sobre as saídas de Samuel?

3- Por que Samuel procurava um hotel barato?

4- Pode-se acreditar que Samuel era feliz ou não? Explique.

5- Caracterize que tipo de personagem era a esposa de Samuel.


PRODUÇÃO TEXTUAL;

Produza um texto dando sequência á história, começando com;

        Samuel chegou em casa, já passava das sete horas, estava escuro e...

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