Você conhece um aeroporto?
O sonho do ser humano em voar atualmente deixou de ser sonho e tornou-se uma rotina banal. Com o advento do avião, concretizado pelo brasileiro Santos Dumond no início do século XX, esta inovação humana torna-se cada vez mais acessível e o deslocamento físico torna-se mais rápido, seja em distâncias intercontinentais ou dentro de um mesmo país.
Diretamente ligado aos aviões estão os aeroportos locais geralmente públicos onde tem-se o acesso a um voo, após comprar uma passagem, onde a tecnologia nos auxilia comprando-a pela internet. Com o aumento da opção por voar, estes locais tornam-se micro cidades, onde é possível fazer quase tudo incluindo compras diversas, alimentação variada, entretenimento, etc. Em terminais aéreos de grande porte, como em grandes capitais do mundo, há opção de pequenos hotéis.
No filme "O Terminal" de 2004, estrelado por Tom Hanks, o protagonista passa a morar em um aeroporto de Nova York após ter problemas com sua entrada no Estados Unidos. Assista um trecho abaixo do filme e note uma parte da dinamicidade que possui um aeroporto de grande porte.
Agora, que tal assistir o filme todo? Além do aeroporto como pano de fundo, o filme tem uma história bem interessante envolvendo persistência e determinação.
Você conhece os principais aeroportos do Brasil? Com a aproximação da realização dos eventos mundiais como Copa do Mundo e Olimpíadas em 2014 e 2015 respectivamente, pesquise como estão sendo preparados os aeroportos para receber grande número de visitantes do mundo todo?
Aeroporto Santo Dumond - Rio de Janeiro |
Agora saindo dos aeroportos, voltamos ao avião. Como já dito, esta foi uma grande inovação em transporte e deslocamento humano. Mas como um avião pode sair do chão e permanecer no ar? Entre outras palavras: como os aviões voam? A peça-chave para que uma aeronave voe é o ar, ou melhor, a pressão atmosférica. Vamos conhecer um pouco sobre isso?
O mecanismo da sustentação é comummente explicado pela
diminuição da pressão estática no extradorso que é a parte superior do perfil
nos moldes do “Tubo de Venturi”, caso particular em que é aplicado o “Princípio
de Bernoulli” para explicar a diminuição da pressão estática. É, assim, aludido
o fato da pressão estática diminuir no extradorso do perfil por causa da maior
velocidade com que o ar escoa, procurando, assim, buscar credibilidade ao
teorema da conservação da energia mecânica.
Para facilitar entendimento podemos considerar que os princípios
que atuam nestas forças são o Teorema de Bernoulli o princípio de Ação e Reação
(Terceira Lei de Newton).
Na asa de um avião, o Teorema de Bernoulli é responsável por aproximadamente
70% da sustentação e os 30% restantes, o princípio de Ação e Reação.
O ar passa pela superfície da asa de modo uniforme e como as superfícies
superior e inferior não tem o mesmo comprimento, podemos dizer que o ar tende a
passar mais rápido por cima da asa do que por baixo dela. Isso cria, de acordo
com o princípio de Bernoulli, uma diferença de pressão que dará sustentação à
asa, isto é, o ar que circula por cima das asas movimenta-se com mais
velocidade que aquele que circula por baixo da asa e é a configuração das asas
que permite que este fenômeno ocorra. Na figura abaixo, é possível verificar
que a parte superior da asa tem uma curvatura mais acentuada do que a parte
inferior.
Agora vamos ler um texto que fala sobre o aeroporto.
NO AEROPORTO
Carlos Drummond de Andrade
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde
esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto
para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual.
Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora
Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne
pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e
expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno.
Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não
direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu
sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para
com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua.
Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso
(encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho:
tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes
especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso
compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade,
sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta
ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como
principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não
ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume,
e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus
sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para
violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à
tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no
escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta de
óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em
geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador;
gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se
há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume,
porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem
malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos
azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima
de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia
distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer
parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais
me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de
irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia
que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa
amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e
jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um
amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o
aeroporto ficou vazio.
Estudando o texto:
1 - No início do texto como você imaginou o personagem Pedro?
2 - No texto o autor menciona o concerto para violino e orquestra de Bach. Você sabe quem foi ele?
3 - Você acredita que o narrador teria algum parentesco com o personagem Pedro ou seria apenas amizade?
4 - Pesquise algumas palavras do texto no dicionário para entendê-las melhor:
a) plausível
b) ameno
c) requisitava
d) pupilas
e) incontinência
5 - Se você não conhece um aeroporto, gostaria de conhecê-lo? Por quê?
6 - O texto termina com a expressão: "De repente o aeroporto ficou vazio". Por quê ficou vazio? Explique.
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